quarta-feira, 25 de junho de 2014

Políticas de Trabalho de Grupo: Teatro. Carta ao Coletivo de Suzano, Set. 2009

O Amador e o Profissional Há uma linha muito inexata que divide essas duas vocações, que ao meu ver não se devem separar. No uso cotidiano, “profissional” é aquele que faz bem (desempenho profissional), ou então, não trata-se de um “profissional” com arte, com habilidade. E o amador, o que está sempre querendo fazer melhor, pois, afinal, ele faz por amor, quer dar o melhor de si, ser humano capaz. Nesse caso, há continuidade entre o amador e o profissional. O amador quer ser profissional, ou seja, quer fazer bem. E o profissional, não indiferente a ele, quer inseri-lo, pois deve tornar proveitosa a oferta vocativa do amador que é íntegro com o que faz. O profissional de teatro sabe exatamente o que é fazer por inteiro. Para ele, estar integralmente, não depende só do amor-próprio, não; depende mais, depende do outro, do amor do outro. O profissional já teve o tempo para perceber que não se desenvolve nada sozinho. É por isso que ele é político. Porque, como um “amador profissional”, o que ele mais quer é exercer sua profissão. E para isso ele precisa, além de estar no meio, estar envolvido, que o outro venha lhe falar sobre o seu trabalho e sobre o que está sendo desenvolvido, sobre a política cultural, sobre os editais que estão abertos, os canais e redes de atuação, às vezes, os mais privados, formas de captação de verba, viabilizações de projetos, etc. Enfim, o profissional não difere do amador porque faz aquilo “por trabalho”, “por dinheiro” e, muito menos, “para sobreviver”. Primeiro, porque ninguém deseja o trabalho, “ter trabalho” para realizar as coisas, ou seja, preferiríamos encontrar nosso alimento já plantado e colhido para nós e nosso bem estar em abundância, mas infelizmente temos que batalhar para isso. Segundo, porque o amador também tem muito trabalho para fazer aquilo que faz. Todos trabalham. Para fazer qualquer coisa temos o trabalho. Trabalho é vida, não é morte. A gente só morre com o trabalho alienado. Portanto, o direito à profissão deve ser defendido pela inclusão e mobilização de todos. Amadores não estão isentos de participar e se integrarem. Organização e Articulação Não há trabalho vivo sem organização. Assim como o corpo é orgânico, o trabalho (nossa disposição e nossas ações) deve ser vital, isso quer dizer também, urgente. E pra isso é necessário uma certa obediência, responsabilidade, disciplina e ordem. Não obedecer a alguém, mas ser humilde para se responsabilizar e responder pela ordem do grupo. Se existe alguma ordem natural, ela deve ser a de deixar o grupo vivo, forte e saudável sempre. E, também, de fazê-lo viver bem. E para termos uma boa relação um com o outro é preciso mais do que sabermos articular nossos braços e nossas pernas, nossas bocas,... mas estarmos articulados uns com os outros. E, também, saber articular com o espaço se for preciso, com quem está de fora, com quem entra e com quem sai (um corpo a mais, um corpo a menos, faz sempre muita diferença no espaço para um conjunto). Não julgar, conjugar (jugale é o osso que se articula no maxilar). Um grupo está realmente em movimento e articulado quando todos os seus membros estão A trabalho, A serviço, A resolução... [tudo que evolui tem ou teve uma origem. O movimento dessa evolução é, no entanto, relativo. Se eu passar para frente, enquanto algo começou a passar para trás, ou se eu passar para trás enquanto algo começou a passar para frente... Pode não ser, portanto, uma evolução, mas uma reversão, ou a retroação, a conversão a transgressão a involução (???), E quem sabe, enfim, a solução. De qualquer forma, para que haja um movimento é necessário existir, antes de tudo, a relação: “Uma sociedade não é formada por indivíduos, mas por relações”, disse o Marx... Rosa ao rio... É claro que acredito em mudança, em transformação (existe uma música: ‘I like change the world’). Se quisermos, podemos mudar, podemos transformar. Basta acompanhar para percebemos as mudanças, mas, na prática, proponho que todos tenham uma ação e que se responsabilizem por ela. Encaminho a proposta de serem distribuídas tarefas voluntárias para todos que estejam aptos a realizá-las até o término de cada encontro em cada encontro. Pois, assim, mesmo os que não se sentem muito à vontade para falar, que não têm facilidade com o discurso oral, possam estar articulados e desenvolvendo ações de grupo em cada grupo.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Reflexão sobre Crimes Hediondos contra Dignidade Sexual

Voltamos os olhos para debater esse tema social com a consciência de quem vai contra uma força maior que age cada vez mais sobre os desejos do indivíduo, às vezes desde a sua infância, induzindo-os a prática sexual assim como ao consumismo exacerbado de tudo aquilo que satisfaz os prazeres do corpo. A criminalidade contra o sexo evidencia um problema de caráter que começa nos pequenos hábitos e atitudes que levam a visão degenerada e VIOLENTAÇÃO AO SEXO HUMANO de várias formas, inclusives legalizadas, como através de musicas, danças, internet, pornografias visuais e auditivas, explicitas e implícitas,, e ilegalizadas, o crime propriamente dito. Qualquer forma de relação que acarrete na vulgarização, banalização ou desvalorização da moral e da relação com os sentimentos e desejos, assim como as drogas, a pornografia, etc., são vícios, isto é, maus hábitos, a serem corrigidos. Comprova-se uma era em que camufla-se o aumento do desamor, da violência e da ignorância. Como testemunhas apocalípticas, só é possível mantermos a “mente forte”, isto é, sadia, preenchendo-a com atividades que agreguem valor social (cultura, lazer, esportes, educação, etc). Fazer uma reflexão sobre o que temos praticado no dia a dia e aonde pretendemos chegar com tais práticas, deve fazer parte do nosso cronograma. Reciclar os hábitos e até mudar constantemente de atitudes pode ser encarado de forma positiva e saudável. Toda vontade descontrolada provém de atitudes de um corpo não regulado. Todos nós estamos vulneráveis a mais diferentes formas de atentado ao pudor e também de sermos subjugados pelo desejo ou pela “fraqueza de vontade”. Por fim, a luta contra a criminalidade depende de muita perseverança e paciência. Estar aberto para novas ideias e o pensamento flexível. Lembrar-se que errar é humano e que a intolerância é uma atitude irracional de quem não sabe ou não tem disposição para melhorar, gerando ainda mais revolta e violência. Contudo, não existe eficácia na ação vazia. A motivação para assumirmos, enfim, uma postura em relação a esse descuido moral e decadente de nossas relações, deve estar amparada no exercício (não apenas solidário, mas efetivamente humano) do amor ao próximo e a si mesmo. Alinhado a atribuição de conhecimento que orientem a vida social e familiar de cada cidadão. Com o objetivo de desacelerar a evolução destrutiva de um sistema humanamente corruptível. Coragem para denunciar os abusos e não se calar diante das atitudes que induzem, envolvem ou ferem nossa personalidade. Tenho que concordar com Aristóteles para quem a maior de todas as virtudes é a prudência. Acrescento que para sobrevivermos num mundo como este, a PAZ, o AMOR e a PRUDÊNCIA TORNARAM-SE AS MAIORES VIRTUDES ALMEJADAS DESTE SÉCULO. "Mude... Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade. Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa, mais tarde, mude de mesa. Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa. Tome outros ônibus. Mude por um tempo o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente pela praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos. Veja o mundo de outras perspectivas. Abra e feche gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama… depois, procure dormir em outra cama. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais… leia outros tipos de livros. Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo. Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua. Corrija a postura. Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias. Tente o novo todo dia, o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor, a nova vida. Tente. Busque novos amigos. Faça novas relações. Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome um novo tipo de bebida, compre pão em outra padaria. Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa. Escolha outro mercado… outra marca de sabonete, outro creme dental… tome banho em novos horários. Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares. Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes. Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias. Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores. Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus. Mude. Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo. E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude de novo. Experimente outra vez. Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores de que as já conhecidas, mas não é isso o que importa. O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda!" (Clarice Lispector)

domingo, 18 de setembro de 2011

Sobre a beleza.

A Beleza depende de uma certa distância de posicionamento, assim como o gosto depende da atração e repulsão. Concordo que de uma certa distância qualquer coisa pode nos parecer Belo. Por que não? Aqui, justamente, a tristeza invade. O Belo, refúgio, depende de um movimento contínuo de posições e de um reposicionamento também constante do Todo. O Jogo das partes achando certa posição ao seu significado, mesmo que para isso necessitemos ficar com os olhos fechados, vidrados ou de costas. Assim, da busca de um problema de um conflito de um extremo tiramos a ação. Cartão vermelho! A imobilidade do versus antagônico. Falta! Os extremos da posição. Impedido! E os limites da oposição. Gol! Para além, onde tudo transborda e é transitório, ultrapassa e transcende. Trágico e cômico, assim é tudo aquilo que sente, aqui estão os nossos sentimentos. Porque somos incitados no fluxo do tempo a rir ou chorar. Na descontinuidade não há sentimentos. Se estamos nervosos, estamos mais chorando do que rindo, se mais raivosos nos parecemos cômicos; dando conta disso ou não, estamos mais rindo do que chorando. Pois quanto mais consciência, mais vida, mais clareza ao nosso destino, mais alegria. Quanto menos consciência, certeza temos deste destino de mais por acaso estarmos vivos. O caminho do meio é inesperado, porque nele não há surpresas e nele próprio há uma coincidência, do próprio acaso trágico e cômico, como o rindo e o chorando, ou chorando e rindo, horrível e belo, feio e bonito são opções da harmonia ou desarmonia. Para optar seria preciso não nos movermos. No entanto, existe o equilíbrio entre as coisas. E os opostos parecem haver em equilíbrio desarmônico.





(...)“el viejo silfo le dijo al poeta : "Muy pronto llegará el reino de los animales y de las plantas; el hombre se
olvida de su Creador, y el animal y la planta están muy cerca de su luz; di, poeta, a los hombres que el
amor nace con la misma intensidad en todos los planos de la vida; que el mismo ritmo que tiene la hoja
mecida por el aire tiene la estrella lejana, y que las mismas palabras que dice la fuente en la umbría las
repite con el mismo tono el mar; dile al hombre que sea humilde, ¡todo es igual en la Naturaleza!".

(Frederico Garcia Lorca – O malefício da mariposa)

Você vai me seguir?