quarta-feira, 13 de maio de 2009

Liberdade e Abolição

Fiódor M. Dostoiévski, o profeta da Revolução Russa, escreveu:
(...) “Jamais os homens saberão, em nome da ciência ou do interesse, repartir pacificamente entre si a propriedade e os direitos. Ninguém terá bastante, e todos murmurarão, terão inveja uns dos outros, exterminar-se-ão mutuamente. (...)Porque, no presente, cada qual aspira a separar sua personalidade dos outros, quer gozar ele próprio a plenitude da vida; entretanto, todos esses esforços, longe de atingir o alvo, só resultam num suicídio total, porque, em lugar de afirmar plenamente sua personalidade, caem numa solidão completa. Com efeito, neste século, todos se fracionaram em unidades, cada qual se isola no seu buraco, separa-se dos outros, oculta-se, ele e seus bens, afasta-se de seus semelhantes e os afasta de si (...), felicita-se pelo seu poder e pela sua opulência; ignora, o insensato, que, quanto mais amontoa, mais se enterra numa impotência fatal (...) acostumou-se a não crer na ajuda mútua, no seu próximo, na humanidade, e treme somente à idéia de perder [dinheiro] e os direitos que [ele] lhe confere. Por toda parte, em nossos dias, o espírito humano começa ridiculamente a perder de vista que a verdadeira garantia do indivíduo consiste não no seu esforço pessoal isolado, mas na solidariedade. Mas este isolamento terrível terá certamente fim e todos compreenderão ao mesmo tempo quanto essa separação era contrária à natureza. Tal será a tendência da época, e causará espanto ao ter-se demorado tanto tempo nas trevas, sem ver a luz.”(...) [p.244].

(...) “O mundo proclamou a liberdade, sobretudo nestes derradeiros anos, e que representa ela? Nada mais senão a escravidão e o suicídio! Porque o mundo diz: ‘Tu tens necessidades, satisfaze-as, porque possuis os mesmos direitos que os grandes e os ricos. Não temas satisfazê-las, aumenta-as mesmo’. Eis o que se ensina atualmente. Tal é a concepção deles de liberdade. E que resulta desse direito de aumentar as necessidades? ... a solidão e o suicídio espiritual; (...) a inveja e o crime(...) Assegura-se que o mundo, abreviando as distâncias, transmitindo o pensamento pelos ares, unir-se-á sempre cada vez mais, que a fraternidade reinará. Ai! não acrediteis nessa união dos homens. Concebendo a liberdade como o aumento das necessidades e sua pronta satisfação, alteram-lhes a natureza, porque fazem nascer neles uma multidão de desejos insensatos, de hábitos e imaginações absurdos. Não vivem senão para invejar-se mutuamente, para a sensualidade e a ostentação.(...) passa tudo como uma necessidade à qual se sacrifica até sua vida sua honra e o amor à humanidade, matar-se-ão mesmo, na impossibilidade de satisfazê-la(...) Dizei-me se tal homem é livre. Um ‘campeão da idéia’ contava-me que, estando na prisão, privaram-no de fumo e que essa privação lhe foi tão penosa que quase traiu sua idéia para obtê-lo. Ora, esse indivíduo pretendia lutar pela humanidade. De que ele pode ser capaz? Quando muito de um esforço momentâneo, que não sustentará por muito tempo. Nada de admirar que os homens tenham encontrado sua servidão em lugar da liberdade, e que em lugar de servir à fraternidade e á união, tenham caído na desunião e na solidão(...) De modo que a idéia do devotamento à humanidade, da fraternidade e da solidariedade desaparece gradualmente do mundo; na realidade acolhem-na mesmo com derrisão, porque como desfazer-se de seus hábitos, aonde irá aquele prisioneiro das necessidades inumeráveis que ele próprio inventou? Na solidão, preocupa-se muito menos com a coletividade. Afinal de contas, os bens materiais aumentaram e a alegria diminuiu.” [p.252].

Leia:
Fiódor M. Dostoiévski. Os irmãos Karamázovi. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1995.

sábado, 9 de maio de 2009

ATO FALHO (ou Vs. 4)


Maconha?!!!

Como?

Se índios muito bem.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Justiça!... ou ignorância

O ódio é uma ignorância. Uma violência sem lei e sem justiça contra si mesmo e contra todos que carecerá sempre de uma razão. Portanto, se você tem algum motivo para ter ódio, isso já não é ódio, é raiva. E se a raiva é justa, então, já é amor – preocupação em demasiada com uma causa. Pois se repele o que não se quer bem, isto é, prefere-se e, às vezes, sem mesmo enxergar, o melhor. Repele-se, simplesmente, porque não gosta, não é do gosto. E, pela frieza da razão, é mais fácil saber daquilo que não se gosta do porquê se gosta, já que quando se descobre todo motivo de porquê gosta, perde o interesse gostar mais. Amor, raiva, paixão... Isso tudo é sobre sentimentos, mas quem domina a dor? Para mim, achei uma resposta entre o desapego e a afeição: “Só é capaz de dominar uma dor, aquele que não a sente” (William Shakespeare).

Você vai me seguir?