quinta-feira, 24 de setembro de 2009

DIA-A-DIA

A HISTÓRIA É DO FUTEBOL

Há quem diga que a História acabou..., mas isto é para a senhora e também para aquele senhor que não querem mais ver a bola rolar. Entregaram a rapadura e vêm até me perguntar no churrasquinho do fim de semana,... nessa altura: “Você, um cara da arte, agora falando de futebol?!” Já vi que chegam ao cúmulo de pensar que política, religião e futebol não se discutem.
O assunto, porém, nunca acaba. E a conversa acaba sendo sempre o futebol. Podem ver. Mesmo a falta de políticas públicas para arte acaba levando todos para o meio de campo. Santo André acirra a luta pela melhoria da cidade, quer lançar a Lei do Fomento ao Teatro! O orçamento que o governo hoje destina à área “cultural” - vai para cultura, lazer e esporte, por exemplo: capoeira, futebol, artes marciais, aeróbica, axé, funk e ‘calcinha preta’, sem distinção de música, teatro e dança, formam todos a farinha do mesmo saco e o fermento faz crescer a massa do ladrão. Sem dúvida, o juiz é o ladrão, quisera fosse o Robin Hood, mas é com o futebol que ele será sempre melhor lembrado por atrair, induzir e fidelizar o gosto da população, que, mais uma vez, engole esse programa ‘gaveteiro’! Eis a religiosidade-política: se, até mesmo em Roma tudo termina em pizza, aqui tudo há de terminar em pizza e futebol. O importante é fazer o gol. Para comemorar. A conquista é só um quinhentos e representa, neste país de 509 anos de colonização, 98% de ganância e especulação. Vale tudo para ganhar sempre. Perder... jamais! No mínimo o empate. Não que eu ache fundamental um vencedor, mas para mim o ideal é saber ganhar! Ser sóbrio - de espírito - e apanhar o caneco para beber “o vinho” da vitória... sem cair no chão. Por isso, voltando ao teatro, nesta sexta-feira, me deparei com um estranho torcedor com a camisa do atacante Messi#18 da Argentina: “- Desculpe, eu não entendo nada de futebol, mas sei que a Argentina é uma seleção bem mal quista aqui no Brasil, porque você está usando esta camiseta?”, a resposta não me surpreendeu: “- Porque não é comum, eu uso por isso mesmo, porque não é comum e é subversivo”. Tinha a minha resposta! Não sou nacionalista, mas o que pensar sobre um alguém que torce contra a própria seleção?! República? Isto aqui é a estação da Sé!!! E quando subi as escadas (observação: a pé, como os atletas fazem quando sobem ao tapetão) e uma multidão se digladiava para pegar a rolante - leve e exercitado até chegar ao teatro - ao me ver com a mesma calça do personagem em cartaz (calma...!), não pude deixar de notar a moça que, por um sinal, me falou assim: “Esse aí é que nem eu, quando gosta abre logo um fã-clube”. Era eu, agora, fã de mim mesmo. Entrei na peça e percebi - eu era Benigno em Chapetuba F.C.: como fomos iguais em nos identificarmos muito mais com o diferente.
Mas para provar que o futebol está em todos os assuntos – desculpa se insisto nesse vício honorário, mas é porque já é tese reconhecida com mérito (ou aguardado) nas palavras de Zé Miguel Wisnick em relação a paradoxal hegemonia redentora do capitalismo, em outra literatura, que o futebol vai salvar o mundo - "Santo Veneno!" - (e acabar com a desigualdade social, política, econômica, ideológica... ?...)-, neste sábado, novamente no metro, li uma placa exposta com elogios tendenciosos para o tema: “Esta estação foi reconhecida por um atendimento nota 10. Aqui todos são craques no atendimento. É por isso que esse é um time campeão. Atendimento nota 10. O programa de atendimento campeão.” Dominação atlética da mão-de-obra.
Só me resta perguntar: se em relação à questão histórica, global e econômica chegamos a um mesmo fim, o "fut"..., será que não é a hora de começar a Narração!?

(Esse texto anuncia a peça Vidas em Jogo, criada coletivamente pelos adolescentes da Fundação Casa, Vila Clarice – Pirituba – SP*).

*aguarde a próxima postagem

Sob o olhar forasteiro, acessível a todas as impressões sem partido preconcebido

Reunião Núcleo Coletivo de Teatro de Suzano.
Pontuação de lances (24.08.09, a partir das 20h – início 18h30)


Ego e Política:
Pareceu-me haver uma contradição em relação a este assunto dissipado pelo próprio grupo. Porque se há uma postura política – e isto eu percebi bastante clara até pelos termos correntes e temas das “propostas” e “encaminhamentos”, ou pela maneira como está organizado o grupo, isto é, uma chance rara de se reunir companhias de teatro de uma cidade inteira, gerando uma potência enorme para ação junto ao governo administrativo e mobilização da produção teatral em Suzano, favorecendo e abrangendo, inclusive, outras regiões – e se houve, ao mesmo tempo, uma disputa de egos, alguém não deveria estar sendo acusado, atacado, cassado, rechaçado? Eu não vi isso. Não me parece haver egos inchados e inflamados portanto, pelo contrário, há alguns ainda bastante retraídos e que podem expandir-se mais. De qualquer forma, ouvi, e, na verdade, não pela primeira vez, que toda relação que faz sentido envolve poder. E poder, sem dúvida, é algo que se conquista e se disputa. E, não, algo imposto autoritariamente, absolutamente por um ditador centralizador. Somos contra fascismos, nazismos e totalitarismos de qualquer espécie – ponto comum. Essas questões, pela dignidade do ser, parecem ter bases bastante sólidas e já se tornarem senso no mundo de hoje, pelo menos em meios como o nosso. Assim, o nome já diz, e nós podemos ouvir: Coletivo. Ao mesmo tempo, está mitologicamente comprovado, que gostamos de reconhecer a competência, o ser competente, heróis que passam por uma jornada e que têm um trajeto em que disputam ou enfrentam uma competição.

O Amador e o Profissional:
Há uma linha muito inexata que divide essas duas vocações, mas que ao meu ver não deve separá-las. No uso cotidiano, “profissional” é aquele que faz bem (desempenho profissional), ou então, trata-se de um “profissional de m...”. E o amador, o que está sempre querendo fazer melhor, pois, afinal, ele faz por amor, quer dar o melhor de si. Nesse caso, há continuidade entre o amador e o profissional. O amador quer ser profissional, ou seja, quer fazer bem. E o profissional, não indiferente a ele, quer inseri-lo, pois deve querer agregar todo esse povo vocativo em torno da profissão e torná-los íntegros com o que fazem.
O profissional de teatro sabe exatamente o que é fazer por inteiro. Para ele, estar integralmente, não depende só do amor-próprio, não; depende mais, depende do outro, do amor do outro. O profissional já teve o tempo para perceber que não se desenvolve nada sozinho. É por isso que ele é político. Porque como um “amador”, profissional, o que ele mais quer é exercer sua profissão. E para isso ele precisa estar no meio, estar envolvido. Precisa que o outro venha lhe falar sobre o trabalho que está desenvolvendo, sobre a política cultural que gerou, sobre os editais que estão abertos, os canais e redes de atuação, às vezes, os mais privados, formas de captação de verba, viabilizações de projetos, etc.
Por fim, o profissional não difere do amador porque faz aquilo “por trabalho”, “por dinheiro” e, muito menos, “para sobreviver”. Primeiro, porque ninguém deseja o trabalho, “ter trabalho” para realizar as coisas, ou seja, preferiríamos encontrar nosso alimento já plantado e colhido para nós e nosso bem estar em abundância, mas infelizmente temos que batalhar para isso. Segundo, porque o amador também tem muito trabalho para fazer aquilo que faz. Todos trabalham. Para fazer qualquer coisa temos o trabalho. Trabalho é vida, não é morte. A gente só morre com o trabalho alienado. Portanto, o direito a profissão deve a ser defendido pela inclusão e mobilização de todos. Amadores não estão isentos de participar e se integrarem.

Lugar e Espaço Teatral:
Discordo de quem deseja buscar a propriedade do espaço para fazer teatro. Falo por mim mesmo, que quem quer isso vai sentir uma grande dificuldade, porque não vai ter o apoio. Vai correr com a desculpa de que não tem lugar para trabalhar. Sei o quanto é difícil enfrentar essa dificuldade. Já participei de um Projeto do Fomento sem endereço fixo, sendo que a própria lei exige que a companhia tenha sede própria. Com o mesmo coordenador, participei de uma Oficina de Formação de Atores: ‘Lugar da luta Vs. Luta pelo lugar’. É um assunto que muito me interessa, pois há muito espaço para se fazer teatro. O foco de cada grupo deveria ser ocupar esses espaços com teatro. E, não, ocupar(?) um lugar todinho seu(?) [ Como assim, ocupar o que já é seu, se você já está nele? O próprio ator não luta no palco para preencher com sua presença e dar conta de todo espaço?].
Há ainda tantos galpões abandonados, teatros parados em reforma, espaços interditados, lugares mal ocupados. Cada caso é um caso e deve ser analisado com peculiaridade, mas na maioria deles o grande responsável por essas mortes e abandonos de espaços são ofícios burocráticos de leis, às vezes, até mesmo incompreensíveis, inviabilizando projetos e tornando ações públicas demoradas. Há para isso, um grande profissional responsável, os ‘contadores’, verdadeiros mestres de cerimônias. Falo do Produtor e do Gestor Cultural. Assim como uma grande empresa tem o seu advogado, às vezes, diplomata ou embaixador, o teatro tem esse grande Narrador que leva a companhia para as assembléias públicas e fóruns de debate.
Assim, ao invés de se preocupar em tomar o seu lugar, cada companhia pode tomar uma posição (política e ética), escolher o lugar (dando preferência pública) e responder aos motivos que impedem dela fazer teatro ali. Tenho certeza que um grupo deste porte (falo do Coletivo Suzano) iria engrandecer discutindo e resolvendo questões como esta, tomadas por suas prioridades (tanto éticas como políticas: “continuidade da pesquisa, coerência, organicidade em relação à comunidade, contrapartida social”, etc.).
Não quero, de jeito algum, parecer arrogante, senão não lhes voltaria a palavra, mas já levantei espetáculo para escolas de dentro da minha sala de casa (3mX2m). Quem quer fazer realmente teatro, simplesmente faz agora mesmo – não percamos essa possibilidade de vista; teatro sem pedras ou tijolos, como já disse Eugênio Barba. Não deixamos de fazê-lo porque não temos o lugar, isso é uma imposição da cultura burguesa, mas a burguesia não é universal. Graças a Deus, existem outras culturas, as populares.

Organização e Articulação:
Não há trabalho vivo sem organização. Assim como o corpo é orgânico, o trabalho (nossa disposição e nossas ações) deve ser vital, isso quer dizer também, urgente. E pra isso é necessário uma certa obediência, responsabilidade, disciplina e ordem. Não obedecer a alguém, mas ser humilde para se responsabilizar pela vida do grupo. Se existe alguma ordem, ela deve ser a de deixar o grupo vivo, forte, saudável. E, também, de fazê-lo viver bem. E para termos uma boa relação um com o outro é preciso mais do que sabermos articular nossos braços e nossas pernas, nossas bocas,... mas estarmos articulados uns com os outros. E, também, saber articular com o espaço se for preciso, com quem está de fora, com quem entra e com quem sai (um corpo a mais, um corpo a menos, faz sempre muita diferença no espaço e para o conjunto). Não julgar, conjugar (jugale é o osso que se articula no maxilar).
Um grupo está realmente em movimento e articulado quando todos os seus membros estão A trabalho, A serviço, A revolução... [eu, particularmente, não acredito em Revolução, porque acredito que tudo que evolui tenha origem. O movimento dessa evolução é, portanto, relativo. Se eu passar para frente, enquanto algo começou a passar para trás, ou se eu passar para trás enquanto algo começou a passar para frente... Pode não ser uma ‘re-volução’, pode ser uma reversão, a solução, a retroação, a conversão, a transgressão, involução (?), enfim... “Uma sociedade não é formada por indivíduos, mas por relações”, disse o Marx... Rosa ao rio...]
É claro que acredito em mudança, em transformação (existe uma música: ‘I like change the world’). Se quisermos podemos mudar, podemos transformar. Na minha opinião, basta acompanhar para percebemos as mudanças, mas, na prática, proponho que todos tenham uma ação e que se responsabilizem por ela. Encaminho a proposta de serem distribuídas tarefas voluntárias para todos que estejam aptos a realizá-las até o término de cada reunião. Pois, assim, mesmo os que não se sentem muito à vontade para falar, que não têm facilidade com o discurso oral, possam estar articulados e desenvolvendo ações no grupo.

Projeto Fomento e Leis Culturais:
Acho que não ouvi bem, mas eu não acredito que um grupo deste vai querer se escravizar para disputar uma vaga com uma multidão de servos dessa subvenção. Imagino que estejam na luta pela ampliação da Lei Municipal e por políticas públicas.
Adiantando um pouco o debate, a Lei é, sim, um grande benefício e surgiu com muita luta, mas assim que surgiu já mostrou sua ineficiência para atender essa grande cidade. Ao escolher 15, exclui 100. Não é uma competição leal, porque não escolhe os mais competentes. Existem, no mínimo, 100 grupos de teatro competentes em São Paulo (uma pesquisa mais detalhada pode revelar isso). A lei deveria então ter 115 vagas, 100 com trabalhos comprovadamente eficazes e 15 que se tornariam capazes através dos resultados da lei. Ou seja, a Lei de Fomento acabou gerando uma grande concorrência entre a categoria teatral (e concorrência é algo sempre desleal com a arte, pois é uma coisa de Mercado). Fome dentro do teatro! Elitização e queda de qualidade.
Suzano e esse Núcleo teatral devem discutir, sim, projetos de leis que lancem programas culturais mais abrangentes, que atendam a mais pessoas. Discutirem as leis atuais, os problemas locais e o atendimento regional do teatro. O sistema de planejamento municipal e os projetos de leis culturais para Suzano.
Bacana pensar a Lei do Fomento, mas acredito que o objetivo desse grupo deva ser, deste já, discutir os problemas dessa Lei. Acho a discussão já bastante avançada e pode ser acompanhada pelo site e movimentos como o da Roda do Fomento.

Bem, é isso.
Atenciosamente,
Daniel.

PS – Ouvi falar que esse grupo existe para que as companhias conheçam melhor seus trabalhos. Achei isso muito bom, porque foi justamente para conhecê-los que fui aí. Deixo, assim, para me apresentar, se houver oportunidade, na próxima reunião. Abraços.

ONG - União Brasil Gigante

Levanta-te, toma o menino e segura-o pela
mão, pois farei dele uma grande nação (Gn 21, 18).
Saudações.

Adianto minha proposta de temas a serem debatidos num futuro atendimento para grupo. Coisas que pensei que só poderiam ser abordadas em forma de conversa, para depois serem aplicadas. Essa conversa se inicia entre profissionais educadores, porque realmente são assuntos de profunda relevância, mas que não cabe serem levantados à toa, muito menos serem discutidos sem precisão orientadora. Assim, eu também posso organizar o que quer que tenha ou esteja parado no ar.
Creio, como ser humano, no direito à vida, com toda convicção, mesmo que isso estivesse contra a lei (porque mesmo com uma ação prevista pela lei, a de “aplicar medidas socioeducativas”, nossa função é antes de tudo humana).
Ninguém tem o direito sobre a vida, mas, sim - e somente - à vida. Está, pleonasticamente, na constituição mundial dos direitos humanos. Quando deixamos de lado o ser humano, a vida deixa de ser natural, transparece, assim, a aberração, aquilo que conhecemos como crime ou pecado, verdadeiramente, bizarro e absurdo... - Até mesmo o animal quer viver. O direito à vida é lógico e universal. Ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém. Nem o bandido, nem o policial! E por mais que isso aconteça, acontece por reações em cadeias de vinganças e vingadores que pensam: “Se eles matam, eu também posso matar”. Acontece que quem pensa assim, vive o equívoco de existirem mil e um motivos para o assassinato, mas nenhum que justifique o assassino. A imposição de um ponto de vista particular e pessoal, faz dele um ditador, um imperador, autoritário ou até mesmo um louco sem autoridade nenhuma. Eis a cara ideológica da tirana, totalista, nazi-fascista, elitista e burguesa, infiltrada até as camadas mais baixas da sociedade.
Ninguém é dono da vida de ninguém, porque nem mesmo a mãe que gerou o filho pode dizer que o tem - senão em seu coração. Exatamente isso. Ela só pode dizer que o tem enquanto cuida, porque quando zela por ele, ele será seu, isto é, ela o terá bem. ‘Ter bem’ não significa que a mãe é dona do filho - (primeiro porque ela não o faz sozinha mesmo, segundo porque o filho cresce e se desenvolve independente dela querer ou não – é claro que depende, principalmente nos primeiros momentos, de cuidados, mas podem ser os cuidados de outro ou de outra, por que não?) -, mas que tendemos ser responsáveis uns pelos outros, ou, se preferirem, solidários. Ou saímos dando esbarrões no meio da rua, se jogando em cima dos outros?!! Portanto, aquilo que é seu e aquilo que é meu dependem de um sentimento. E não se pode tirar daquilo que não se tem.
Nada justifica tirar a vida. Não pelo motivo legal, porque sabemos que as leis estão vendidas para os fatores do Mercado e mais da metade dos governos - União, Estado e Município – só estão interessados nesse crescimento e apoiam trâmites como o aborto somente para estimular a economia. Um niilismo sem sentido. Enfim, para se ter qualquer coisa é preciso se dedicar muito, zelar e cuidar para que seja seu, dele ou dela. O direito de propriedade é gerado através do cuidado, do zelo e da dedicação e, também pelo bom uso. É preciso ser bom no que se faz. Com muita certeza, será o dono aquele que guarda. Assim está na lei que é movida pelo desejo - de se ter e de querer – “lei da oferta e da procura”. Isto será assim até o triste dia em que deixarmos de desejar.

“Sem a Lei, o pecado está morto”. "Mas eu não teria conhecido o pecado, se não existisse a Lei” (Rm 7 : 7-8).

Você vai me seguir?