"Sobre uma cortina estava projetado o logótipo do musical, enquanto esperávamos o início do espetáculo. E depois a sala escureceu, e, acompanhando os acordes da 'ouverture ', surpreendo-me com uma projeção, apontando o dedo ao "mal" no nosso presente, agora, século XXI.
E depois subiu o pano e... ao final senti as mãos quase inchadas de aplaudir, de pé, e a voz já falhava uns quantos "Bravo!" obrigatoriamente incontornáveis numa ovação mais que merecida.
Num país católico e de brandos costumes, a abordagem revela-se um nadinha... soft . Esta obra é "a visão de Cristo nos olhos apaixonados e inteligentes de Judas". E é exatamente essa a primeira "surpresa" do espetáculo: um Judas verossímil, humanamente confuso, cheio de dúvidas e questões nunca, no entanto, pondo em casa o seu amor àquele que irá trair.
Diz, na introdução do libreto, que "tarde demais ele apercebe-se que foi apenas um peão no grande plano de Deus".
E isso, mais uma vez, vem de encontro a um pormenor nada ínfimo, que deixou a minha mãe "possessa" comigo mais de uma vez, e pôs catequistas, padres e pastores de mãos na cabeça: "o que é que a gente Lhe faz?"
A questão é simples: se Jesus nasceu para salvar a humanidade, morrendo na cruz ao completar 33 anos, como estava escrito, sendo para o efeito traído pelo seu discípulo favorito, porque era suposto ter feito e estava escrito que tinha de fazer.
Num registro livre e blasfêmico de: “será este Deus a existir...”, fazendo uso de um homem que acaba angustiado e enlouquece, e que, sucumbindo ao único final possível para lhe ser concedida alguma paz de espírito, põe fim à própria vida, ser o Ser iluminado e bom que as religiões nos servem de bandeja com pano de linho bordado.
(eu só perguntava porque é que eles achavam que ele era mau...)
No entanto, Jesus é tratado com um respeito reverente, insuperável na serenidade, conseguindo transmitir o calor que emana de um ser iluminado por dentro, que tranqüiliza só de olhar e ouvir. Reverência levada até ao último segundo do espetáculo, como todo o resto, memorável.
Aliás, como só podia ser tratado. Jesus é uma “personagem histórica”, que marcou o caminho da Humanidade.
Por isso, com toda a isenção que me assiste, digo que "Jesus Cristo Superstar” é um espetáculo em que só perde quem não o vai ver. Crentes e cristãos são respeitados, e nós, os "desconfiados" ganhamos um pitéu de primeira água, ali espevitadíssimos a apanhar as malhas que vão, discretamente, caindo."
E depois subiu o pano e... ao final senti as mãos quase inchadas de aplaudir, de pé, e a voz já falhava uns quantos "Bravo!" obrigatoriamente incontornáveis numa ovação mais que merecida.
Num país católico e de brandos costumes, a abordagem revela-se um nadinha... soft . Esta obra é "a visão de Cristo nos olhos apaixonados e inteligentes de Judas". E é exatamente essa a primeira "surpresa" do espetáculo: um Judas verossímil, humanamente confuso, cheio de dúvidas e questões nunca, no entanto, pondo em casa o seu amor àquele que irá trair.
Diz, na introdução do libreto, que "tarde demais ele apercebe-se que foi apenas um peão no grande plano de Deus".
E isso, mais uma vez, vem de encontro a um pormenor nada ínfimo, que deixou a minha mãe "possessa" comigo mais de uma vez, e pôs catequistas, padres e pastores de mãos na cabeça: "o que é que a gente Lhe faz?"
A questão é simples: se Jesus nasceu para salvar a humanidade, morrendo na cruz ao completar 33 anos, como estava escrito, sendo para o efeito traído pelo seu discípulo favorito, porque era suposto ter feito e estava escrito que tinha de fazer.
Num registro livre e blasfêmico de: “será este Deus a existir...”, fazendo uso de um homem que acaba angustiado e enlouquece, e que, sucumbindo ao único final possível para lhe ser concedida alguma paz de espírito, põe fim à própria vida, ser o Ser iluminado e bom que as religiões nos servem de bandeja com pano de linho bordado.
(eu só perguntava porque é que eles achavam que ele era mau...)
No entanto, Jesus é tratado com um respeito reverente, insuperável na serenidade, conseguindo transmitir o calor que emana de um ser iluminado por dentro, que tranqüiliza só de olhar e ouvir. Reverência levada até ao último segundo do espetáculo, como todo o resto, memorável.
Aliás, como só podia ser tratado. Jesus é uma “personagem histórica”, que marcou o caminho da Humanidade.
Por isso, com toda a isenção que me assiste, digo que "Jesus Cristo Superstar” é um espetáculo em que só perde quem não o vai ver. Crentes e cristãos são respeitados, e nós, os "desconfiados" ganhamos um pitéu de primeira água, ali espevitadíssimos a apanhar as malhas que vão, discretamente, caindo."
BOA PÁSCOA A TODOS!
Crítica extraída do blog: http://donadecasa.blogs.sapo.pt/, e editada por mim sem autorização e nem conhecimento da autora - parece que portuguesa - não identificada. A montagem, que inclusive eu vi também inúmeras vezes, foi dirigida por LaFeria.
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