segunda-feira, 2 de março de 2009

Estória em que se desenvolveu a necessidade do sentimento de querer estar só

Certo dia, na tribo, todos desejaram só quererem estar sós e fazerem suas coisas de estarem sozinhos। Plantavam uma árvore, oravam, contavam suas piadas e estórias só para eles mesmos.
E ficaram tanto tempo sentindo isso que começaram a querer um espaço só pra eles। Cada um queria um espaço só seu. E como eles não se ouviam, continuavam querendo estar sozinhos.
No entanto, não havia espaço suficiente para todos e todos queriam a mesma coisa: um espaço para estarem sós; um espaço só deles.
Então, foram para lugares bem distantes, até onde não se viam mais. Aos poucos, apareceram mais querendo ficar sós e precisaram se espalhar, até onde não podiam se encontrar. E para que não se encontrassem puseram cercas. E foram aparecendo mais e eles já não conseguiam deixar de se ver, então levantaram muros. Mas eram tantos e foram aparecendo mais que sentiam que deviam ficar sós que os muros foram se encostando.
E começaram a construir casas. Até que as casas já não cabiam mais e puseram umas em cima das outras, com um muro em cima e em baixo também. E as paredes eram só deles.
Mas foram aparecendo mais e eram tantos que os muros se empurravam. E se empurravam tanto que desabavam. E quando os habitantes se encontravam, eles se empurravam também. E se empurraram uns aos outros...
E a partir daí aconteceram muitas coisas. Alguns se derrubavam, outros se digladiavam, outros eram atropelados, uns caíam em cima dos outros, outros se encontravam, simplesmente, e davam um abraço porque estavam com muita saudade já depois de estarem tanto tempo sozinhos. Alguns se davam um grande abraço e até um beijo e se amavam tanto que caminhavam de mãos dadas empurrando e derrubando os que estavam sozinhos.
Quanto mais se davam os encontros, mais coisas diferentes aconteciam. Até que todas as coisas aconteceram. Alguns morreram, alguns mataram, alguns se mataram! Outros se deram as mãos, outros se deram as duas mãos e quantos mais se dessem as mãos mais derrubavam os que passassem a sua frente. Caíam e levantavam várias vezes. Deram-se as mãos para várias gentes, mas continuavam se derrubando e a empurrar.
Até que desejaram não cair mais, nem estarem sós. Então tiveram que se segurar para que ninguém mais caísse e nem sentisse mais o sentimento de estar sozinho. Para isso todos se deram as mãos. Ninguém ficou de mãos livres. Não sobrou ninguém. Para que não caíssem mais nem ficassem sozinhos. Podiam até pular. Quem caía, mesmo de mãos dadas, logo era levantado. E, agora, juntos ninguém mais se derrubava, pois senão caía também e puxava o outro...
A partir de então, na tribo, sempre quando sentimos o desejo de querer estarmos sós, vamos para bem longe e nos lembramos dessa estória...

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